sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Apocalipse IV

Olho para a fogueira. As suas chamas revelam uma beleza incapaz de ser explicada. Eu e o outro atrofiado tivemos que encontrar um sítio para passar a noite, e o pior de tudo é que eu deixei-o escolher o sítio. Agora estamos barricados na sala VIP de uma casa de putas.
Eu- É a última vez que te deixo escolher um sítio para passarmos a noite...
André- Olha à tua volta! É uma casa de putas! É um sonho!
Eu- Uma casa de putas, mas semj putas...
André- Desmancha-prazeres...
Ele levanta-se, entra numa sala ao lado da nossa, que também barricámos, por precaução. Eu continuo a olhar para a fogueira. As horas passam, as chamas vão diminuindo, e sou acompanhado pelo silêncio, até o outro atrofiado se lembrar e começar a gemer.
Eu- O que raio andas a fazer filho da puta?!
Levanto-me, e vou, todo fodido da paciência, ter com o cabrão. Chego lá, e o sacana tinha acabado de bater uma punheta.
Eu- Não acabaste de fazer o que estou a pensar, pois não?
André- Tinha que dar uso a todos estes posters e revistas não?
Eu- É a segunda vez que estás à minha frente com as calças para baixo e a gaita de fora. À terceira vez eu juro que pego na soqueira e te meto a pissa para dentro ao estouro...
André- Tanta agressividade rapaz!!
Dito isto, ouvimos qualquer coisa a partir.
Eu- Puxa a merda das calças para cima e pega numa arma.
Todo borrado, o André pega numa das pistolas, e vamos para a beira da fogueira.
Eu- O que achas que é?
André- Com alguma sorte é uma puta ainda viva!
Ouvimos passos, e como se o facto de não sabermos o que era não bastasse, o André caga-se, mas caga-se todo mesmo. Mais uma vez, não sei se hei-de me partir a rir, ou se fico todo borrado de medo.
André- ALI!
Olhamos para um canto escuro, e das sombras sai uma morta-viva, em lingerie. Esburacamos a puta, eu de caçadeira, e o André de pistola. Ela cai numa poça de sangue, e nós, com cautela, aproximamo-nos do corpo. Olho para os pulsos cortados dela.
Eu- Ela deve ter sido mordida, e sabia que se ia transformar nisto. Deve-se ter tentado matar.
O André continua calado. Eu olho para ele seriamente.
Eu- Azeiteiro, ouviste o que eu disse?
André- Não, mas só te digo uma coisa: QUE GRANDES MAMAS!!
Eu continuo a olhar para ele seriamente.
André- Achas que era muito mau se eu enrabasse uma morta?
Ele olha para mim, à espera de uma resposta. Eu continuo calado, a olhar para ele seriamente.
André- Sim, tens razão. Era mau.
Tapamos o corpo com uma cortina, e sentamo-nos ao pé da fogueira.
Eu- Como é que era a tua vida antes desta merda toda?
Ele continua calado, e não me responde. Ele deita-se, mas eu ainda continuo sentado, a olhar para a fogueira. Espero que consigamos passar desta noite. Ele já dorme, e ressona alto como o caralho...


BREVEMENTE
APOCALIPSE V

Sem comentários:

Enviar um comentário