domingo, 23 de outubro de 2011

Apocalipse III

Já passaram dois dias desde que conheci o pobre coitado, e nesses dois dias tivemos sorte. Neste momento estamos a andar pelo meio dos destroços de uma auto-estrada. Dentro dos carros vejo cadáveres, não mortos-vivos, mas cadáveres sem vida. No chão, à minha frente, está uma criança, deitada no chão, com um aspecto quase irreconhecível, como se alguém a tivesse comido, ou alguma coisa.
André- Achas que os filhos da puta que fizeram isto ainda andam por aqui?
Eu- Porque dizes que são mais do que um?
André- Olha para o corpo!! Foi desmembrado!
Não lhe dou uma resposta. Apenas fico a pensar no fim que aquela criança teve. Pode ter morrido num acidente, e a seguir foi comida por animais. Ou então foi comida viva... foi um banquete, nada mais nada menos do que um banquete para aqueles cabrões. Não consigo imaginar a dor e a agonia que sentiu.
André- Vou dar uma mija.
Eu- Vai lá com o caralho.
Ele desaparece no meio dos destroços de um camião. Eu olho à minha volta, à procura de alguma merda que me dê jeito, e tenho alguma sorte. Encontro um machado, e assim do nada, começo a sorrir. Agora que venha um daqueles cabrões. Abro-lhe os cornos à machadada, e depois ainda lhe mijo em cima.
André- BERNARDO!! ESTÁ NA HORA DE IRMOS!!
Olho para trás e vejo um grupo deles a vir na minha direcção, e o azeitolas do André a correr, com as calças nos joelhos, e a segurar na pila. Começo a pensar se corro, ou se me deito no chão a rir-me. Isto é uma daquelas coisas que só acontece uma vez na vida.
André- CORRE RAPAZ!!!
Ele passa por mim a correr, e eu sigo-o. Corremos uns valentes metros, mas os cabrões, embora não corram, também não se cansam. O cansaço chega, e começamos a sucumbir, ofegantes.
André- Já chega disto!!
Ele tira a mão da gaita, e , da mochila, tira duas granadas.
André- Comam isto paneleiros!!
Surpreendentemente, os mortos vão atrás das granadas, e de repente, a estrada fica coberta de sangue, tripas, estômagos, e também vejo quilhões ali espalhados, pelo menos parecem quilhões.
André- CHUPEM FILHOS DA PUTA!! DÁ-ME UM ABRAÇO!!
Olho para ele, seriamente.
Eu- Puxa as calças para cima...
André- Já me esquecia.
Ele puxa as calças para cima, e seguimos caminho. Temos que encontrar um sítio seguro para passar a noite. O barulho das granadas deve ter chamado a atenção a muitos cabrões. Espero que esteja errado...


BREVEMENTE
APOCALIPSE IV

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