sábado, 22 de outubro de 2011

Apocalipse II

Acordo, ainda vivo na sala de hospital. A noite foi passada com pesadelos, pesadelos sobre quando me tornei neste viajante pós-apocalíptico. Durante a noite fui acordando de vez em quando, com as lamúrias dos filhos da puta que andam lá fora. Levanto-me e, lenta e silenciosamente, dirijo-me à porta. Encosto o meu ouvido à porta, para saber se é seguro sair dali. Não ouvi nada. Ao sair, vi um deles ao fundo do corredor, metade dele quero eu dizer, a arrastar-se pelo chão. Aproximo-me dele com cautela, olhando para todos os cantos. Ainda me aparecem mais cabrões. Ao chegar à frente dele olho para ele, calmamente, enquanto ele se arrasta na minha direcção. Sem hesitar, enfio o meu taco no crâno dele, e não paro enquanto ele se continuar a mexer. Olho para o corpo, agora imóvel, mergulhado numa poça de sangue.
Eu- Miserável...
Ouço um barulho na sala ao lado. Parece que alguém anda a mexer nos armários. Pode ser fruto da minha imaginação, ou então pode ser algum sobrevivente. No último dos casos, podem ser mortos a querer chutar pa veia. Aproximo-me com cautela da porta, com o taco pronto para partir os cornos a alguém. Entro rapidamente, e deparo-me com um gajo armado até aos dentes.
Gajo- Caralho, não há aqui nada...
Ele vira-se, e , naõ estando à espera que eu estivesse ali, assusta-se. Fica a olhar para mim de cima a baixo, e depois começa a lembrar-se.
Gajo- Tu outra vez?!
Eu- Ainda te lembras de mim?
Eu já me tinha cruzado com ele uns dias antes. Acho que foi numa bomba de gasolina, eu estava à procura de mantimentos, e apareceu-me este pobre coitado. Ficámos um à frente do outro, a trocar olhares frios. Ele tirou o cigarro da boca, mostrou um leve sorriso, e depois continuámos a seguir o nosso caminho.
Gajo- Andas a seguir-me?!
Eu- Sim, claro. O mundo acabou e eu ando a seguir um pacóvio...
Gajo- Se eu quiser, aqui e agora, encho-te os cornos de chumbo!!
Eu- Faz isso, e depois aguentas-te com os cabrões que ouvirem o tiro.
Gajo- Acho que não vai chegar a tanto...
Ele aponta para trás de mim. Eu olho, e vejo dezenas daqueles filhos da puta a vir na nossa direcção.
Gajo- Toma isto puto.
Ele dá-me duas soqueiras e da mochila tira uma caçadeira de cano serrado.
Eu- E tu?
Ele abre o casaco e tira duas pistolas. Eu prendo o taco às costas, e, já com uma soqueira em cada mão, carrego a caçadeira.
Gajo- Tens nome?
Eu- Bernardo, e tu?
Gajo- André.
Eu- Nome gay...
Dito isto, rebento os cornos a um, parto os dentes a outro, e é sempre a abrir. O outro diverte-se com as pistolas, e começa a cantar enquanto dispara alegremente.
Eu- De todos os filhos da puta neste mundo, tinha que me calhar um atrofiado.
Enfio a caçadeira na boca de um e rebento-lhe as trombas. Assim que abrimos caminho, foi fácil. Começamos a correr pelas escadas abaixo. Saio do hospital, com o atrofiado atrás de mim. Ele senta-se, todo fodido.
Eu- Tás a ficar velho.
Ele apenas sorri e mostra-me o dedo do meio. Eu retribuo, fazendo o mesmo.
Eu- Vamos embora. Todos os mortos destas redondezas devem ter ouvido os tiros.
André- É melhor.
Ele levanta-se, guarda uma pistola em cada lado do casaco, e pomo-nos a andar.
André- Parece que agora tenho companheiro de viagem.
Eu- Tá calado!
Bem, parece mesmo que agora vou ter de aturar este sacana.


BREVEMENTE
APOCALIPSE III

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